Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 383-1 | ||||
Resumo:Os fungos termorresistentes são considerados um problema latente na indústria de bebidas, especialmente em sucos de frutas, uma das principais bebidas consumidas mundialmente. A temperatura e o tempo aplicados no processo de pasteurização, muitas vezes, não são suficientes para eliminar estes micro-organismos, com destaque para a espécie Paecilomyces variotii, uma vez que seus conídios apresentam um valor D 60 > 9 minutos à 60°C. Ademais, estes podem produzir ascósporos, que apresentam maior resistência térmica. Visando superar estas dificuldades, os métodos emergentes e não térmicos são promissores, um destes é o plasma frio, capaz de gerar espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS), causando danos à membrana celular fúngica, redução no conteúdo de ergosterol, degradação de proteínas e ácidos nucléicos, além de apoptose celular. O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento de P. variotii perante a tecnologia do plasma frio com diferentes fontes (arco-deslizante com ar comprimido e por micro-ondas utilizando gás argônio) em baixas potências. Cinco cepas provenientes de suco de laranja deteriorado foram utilizadas para o preparo da suspensão de conídios que foram transferidos para cupons de aço inoxidável e posterior aplicação do plasma frio. Os testes foram feitos em triplicata. Para o sistema de surfatron (micro-ondas) foram utilizadas as potências de 10 e 20 W e para o de arco deslizante, 10 e 15 W, todos durante o tempo de 3, 7 e 10 minutos, com vazão de 5 L/min de gás em pressão atmosférica. Após os tratamentos, os cupons foram submersos em água peptonada, e diluições seriadas (até 10-3) foram realizadas. Posteriormente, foi feita contagem em log UFC/mL em meio MEA pela técnica de plaqueamento em superfície. O plasma de micro-ondas apresentou melhor eficiência, reduzindo 1 unidade de log já após 3 minutos de tratamento na potência de 10 W; e 2 unidades de log a partir de 7 minutos de tratamento na potência de 20 W. O plasma de arco deslizante, nas configurações iniciais aplicadas, não foi capaz de ocasionar redução das contagens. Somente após 10 minutos de tratamento observou-se uma redução de 1 log em 10 W e nos demais tempos em 15 W. Estudos anteriores demonstraram que o plasma frio apresenta eficiência para o controle de algumas bactérias, bolores e leveduras, com ausência de relatos sobre o efeito em Paecilomyces variotii. Com esse estudo observou-se uma potencial atividade do plasma de micro-ondas para o controle desta espécie deteriorante, no entanto, mais estudos são necessários para ajustes de potência e tempo de tratamento para que aplicações em larga escala sejam realizadas. Palavras-chave: Bebidas Deterioradas, Fungos Termorresistentes, Paecilomyces variotii, Plasma Frio Agência de fomento:Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Processo:131619/2022-5 |